Uma
pescaria tem que ser, antes de tudo, um divertimento cheio de prazer e de emoções, por
isso todo e qualquer situação de risco deve ser evitada ao máximo.
Muita gente confunde pescaria como desculpa para encher a cara e
aprontar mil e uma trapalhadas, pondo em risco não apenas a sua vida, mas a de seus
companheiros de pesca. Que uma cervejinha gelada na hora certa, depois de uma pescaria
emocionante, por exemplo, faz muito bem ao corpo, ninguém nega. O que não pode acontecer
é exagerar nisso durante a pescaria. Se o mais importante é a bebida, o melhor é ficar
em terra ou no bar, pronto!
Acidentes podem acontecer. Andar de madrugada pelo barranco de um rio
pode ser perigoso, por isso nem é preciso que se recomende que cada caixa de pesca tenha
uma boa lanterna, com pilhas e lâmpadas de reserva.
Durante o dia, ao sol, proteja o corpo e os olhos, usando chapéu,
óculos escuros, roupa clara e folgada. Não se exponha em demasia ao sol nem deixe a pele
avermelhar. Um bom bloqueador solar também pode ser acrescentado a sua tralha, se for o
caso.
ACIDENTES COM ANZÓIS
Mesmo o mais experiente pescador pode, num descuido, machucar-se com um
anzol ou com a garatéia de uma isca artificial. A distração é a principal causa desse
tipo de acidente, bem como a inexperiência de quem tenta desenroscar uma linha presa,
puxando-a. A linha se distende e, soltando-se, virá na direção do pescador como um
projétil, podendo cravar-se dolorosamente em alguma parte de seu corpo.
Por isso muitas vezes o melhor a fazer é cortar a linha e perder uma
chumbada e um anzol do que se arriscar a um problema maior que seguramente poderá
acontecer com você ou com alguém por perto. Se acontecer, a primeira coisa a fazer é
não perder a calma. Apanhar rapidamente o alicate de ponta fina e cortar a linha ou o
encastoamento, de forma a liberar a parte ferida, impedindo que o anzol seja puxado,
provocando danos mais sérios. Apanhe a caixa de primeiros socorros, lave e desinfete o
local, procurando estancar o sangue para poder avaliar o que ocorreu. Se houver
hemorragia, comprima um pouco antes do ferimento. Se preciso, passe um esparadrapo
apertando com força. Observe com atenção o ferimento. Se a ponta está visível,
empurre um pouco mais o anzol e corte-a, depois é só puxá-lo para trás, retirando-o.
Se a ponta não é visível, verifique se é possível retornar com o anzol, mas de uma
forma que a farpa não agrave ainda mais o ferimento. Se for possível, faça isso com
calma e devagar. Com um pouco de paciência e resistência do ferido, isso pode ser feito.
Se conseguir remover o anzol, lave e desinfete o local novamente. Envolva com gaze e tão
logo quanto possível consulte um médico para uma avaliação, inclusive quanto à
necessidade de uma prevenção contra o tétano. Se não conseguir remover o anzol, lave e
desinfete o local, procurando ajuda médica o mais depressa possível. Se a ponta do anzol
não estiver visível, não tente empurrar o anzol para frente até que isso ocorra, pois
com isso você pode atingir uma artéria, uma veia ou um nervo, agravando o quadro.
Garatéias de iscas artificiais são muito perigosas, quando se tenta
retirá-las sem que a cabeça do peixe esteja imobilizada, por isso recomenda-se o uso do
alicate, que deverá ser usado com firmeza. Um acidente nesse momento, com o peixe vivo e
se debatendo, poderá ser particularmente doloroso e provocar um estrago irreparável.
ÁGUA-VIVA
A água-viva tem diversos nomes e pode ter diversas formas e tamanho.
Costumam aparecer nas praias após uma ressaca ou quando venta muito na direção da
terra. É quase transparente e nisso reside o risco de pisá-la com pés descalços ou,
dentro da água, acontecer dela resvalar no corpo.
Isso provoca uma espécie de queimadura ou uma urticária muito
desconfortável, que arde em demasia. Isso, no entanto, não deve alarmar o pescador
inexperiente, pois não se tem notícia de alguém que tenha tido maiores problemas, além
do ardor e dos vergões na pele. Se acontecer isso com você, lave o local com água do
mar e se tocar o local ferido evite passar a mão na boca e nos olhos. Após algumas horas
a reação cessa e o desconforto passa. Caso uma área muita extensa do corpo for afetada,
procure ajuda médica para aliviar os efeitos.
FERRÕES
Os ferrões são mecanismos de defesa dos peixes e exigem dos
pescadores muito cuidado no manuseio das espécies que os possuem. Por isso o uso do
alicate é sempre recomendado, pois com ele você não precisa tocar o peixe para
imobilizá-lo. Segundo a medicina, não existe antídoto para a dor que advém de uma
ferroada dessas. No caso da arraia, por exemplo, são trinta e seis horas de dor constante
e terrível, latejando e provocando até cãibra. No caso dos outros peixes, essa dor pode
durar alguns dias, como o bagre, o cascudo, o pintado, o jaú, a jurupoca, os mandis,
principalmente o mandi-chorão.
Para evitar as ferroadas de uma arraia, o segredo é caminhar
arrastando os pés no fundo da água, pois se tocada ela simplesmente vai se afastar do
seu caminho. Se pisar nela ela reagirá imediatamente, ferroando. Outro conselho e
caminhar com uma vara raspando o fundo a sua frente, espantando-a.
Um perigo inesperado é oferecido pelo ferrão do robalo, que fica na
ponta de sua nadadeira anal. Normalmente a pessoa que vai limpar ou escamar o peixe acaba
se ferindo. Por isso, a primeira providência ao limpar um robalo é cortar junto à base
do ferrão e com o alicate torcer e puxar, removendo-o.
Em sua maioria, esses ferrões estão localizados nas pontas das
nadadeiras laterais e na nadadeira dorsal, três pontos que podem ser evitados se o peixe
for seguro da forma correta, na falta de um alicate.
DENTES
Tão ou mais perigosos que os ferrões são os dentes de algumas
espécies pois num descuido eles simplesmente podem decepar um dedo com a maior
facilidade. Só para se ter uma idéia, em alguns locais se pesca o pacu usando um
coquinho como isca. Uma frutinha que, para ser quebrada, necessitará de uma boa
martelada. Com seus dentes o pacu faz isso, quebrando-a com a mesma facilidade com que
quebra a casca de um caranguejo. E o que dizer dos dentes da piranha? Basta examinar uma
para se ter uma idéia do perigo que eles representam, tão perigosos como os dentes
proeminentes da cachorra. Qualquer um desses peixes têm força suficiente na mandíbula
para provocar um grande estrago, principalmente o dourado, que consegue cortar o aço de
um encastoamento mais fino. Assim, com esses peixes nunca brinque de pôr o dedo na boca
de um deles, pois isso pode ser desastroso. O instrumento indicado para imobilizá-los e
lidar com eles é o alicate apropriado, que afastará a possibilidade de qualquer
acidente. Não brinque jamais com a sua segurança, pois a pescaria é um lazer e uma
diversão, antes de mais nada. Equipamentos como o salva-vidas, a caixinha de primeiros
socorros, os alicates, o chapéu e outros mais devem ser levados em conta por todos que
querem emoção e prazer, não dor e atribulações.
DICAS IMPORTANTES:
No barco, use sempre colete salva-vidas!
Em sua tralha, tenha sempre um kit de primeiros socorros!
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