Pescador ecológico

Omitimos deliberadamente a menção ao isopor ou a qualquer outro apetrecho para guarda e conservação do peixe, considerando que a última das preocupações do pescador é a de trazer peixes para casa para mostrar aos familiares e aos vizinhos que ele é um bom pescador.

Se for a um pesque-pague, ótimo! Os peixes estão ali para isso mesmo. Se for num rio, é preciso considerar que cada espécime que ali se encontra é uma obra demorada da natureza. Simplesmente tirá-lo de lá para transformá-lo num troféu ou numa refeição é coisa que deve ser muito bem refletida.

Libertar o peixe pode ser um ato de amor à natureza e de louvor à coragem do animal, proporcionando a outros aficionados o mesmo prazer que ele lhe provocou.

Só que, para soltar esse peixe, é necessário que ele tenha condições de sobrevivência. Às vezes o anzol atravessa o olho do peixe, fere suas guelras ou as garatéias da isca artificial provocam danos no corpo do bichinho. Devolvê-lo à água nessas condições pode ser condená-lo à morte na certa. Nesse caso, convém levá-lo e transformá-lo numa boa refeição.

Muitos pescadores que o fazem por esporte removem as garatéias e fixam, no lugar delas, anzóis comuns que comprem da mesma forma seu papel, sem causar tanto estrago como os ganchos originais das iscas artificiais, sem prejuízo, no entanto, da emoção e da eficiência do equipamento.

No momento de devolver o peixe à água é importante dar-lhe tempo para que volte a se reanimar, após todo o esforço feito para fugir ao anzol. Quem assiste aos programas de pesca na televisão já observou os movimentos que o pescador faz, empurrando o peixe contra a água para que esta passe por suas guelras, oxigenando-as. É o procedimento correto.

Um outro fator deve ser observado. O IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis determina o tamanho mínimo de peixes que podem ser levados, após pescados. É interessante procurar conhecer essa lista, no momento em que você for tirar sua licença anual de pescador.

Resumidamente e abordando apenas os peixes mais comuns, estes são os tamanhos mínimos exigidos pelo IBAMA:

ESPÉCIE_________________TAMANHO

Curimbatá......................................... 30 cm

Dourado........................................... 55 cm

Jaú................................................... 80 cm

Piau e piapara................................... 30 cm

Pacu................................................. 40 cm

Surubim e pintado............................. 80 cm

 

É importante ressaltar que não existe tamanho mínimo para a pesca oceânica, mas a licença anual é exigida da mesma forma.

Na época da chamada piracema, período de procriação dos peixes na maioria dos rios do país, a pesca fica proibida. Isso ocorre normalmente nos meses de novembro a fevereiro, mas antes de partir para qualquer pescaria mais distante, é bom se informar a respeito desse período ou de qualquer outra proibição.

Há algum tempo, visando a preservação, num ato coragem e nobre, o governador do Mato Grosso do Sul proibiu a pesca comercial em todo o Estado o que, diga-se de passagem, significa um avanço enorme nas políticas de conservação e preservação da natureza e, ao mesmo tempo, aumenta as chances de nós, pescadores ocasionais, nos depararmos com um belo exemplar.

A pesca predatória, feita com redes, sem respeitar tamanho mínimo em pouco tempo acabou com os peixes em muitas regiões do país. A proscrição desse tipo de pesca deveria se estender a todos os Estados brasileiros.

Quem já pescou na região do Mato Grosso deve ter visto passar aquelas barcaças, tão abarrotadas de peixes que parecia que afundariam a qualquer momento. Ou então deve ter visto pescadores em suas toscas canoas, recolhendo aquelas redes imensas, puxando para bordo peixes de todos os tamanhos.

O argumento de que fazem aquilo por necessidade ou por profissão não se justifica, pois ao contribuir para com a devastação, não percebem, por acaso, que estão contribuindo para exterminar não apenas os peixes, mas sua própria profissão?

Portanto, faça das suas pescarias momentos de prazer e emoção, sem se preocupar em matar. Fotografe os peixes pescados. Com certeza serão troféus muito mais interessantes do que a carcaça ou o esqueleto do peixe.