Práticas fundamentais para a sobrevivência dos peixes

Abaixo listamos algumas práticas fundamentais para a sobrevivência dos peixes, quando devolvidos à água:

Durante a briga

1- Não dê fisgadas em excesso: para a pesca de alguns peixes que possuem boca dura, como os dourados, o uso de "confirmadas" aumenta as possibilidades de uma boa fisgada. Com isso, diminuem as chances de se perder um peixe mal fisgado. Contudo, mesmo para essas espécies, quatro ou cinco fisgadas já podem ser consideradas um excesso. Quando elas são fortes e repetidas ferem exageradamente o peixe, e proporcionam nele um grande estresse, que acaba comprometendo a sua sobrevivência.

2- Não use equipamentos exageradamente leves: o uso de equipamentos leves aumenta a emoção da briga. Porém, o uso de linhas muito fora da classe estabelecida para cada espécie, prolonga em excesso a briga, e pode ser comprometedor para a sobrevivência do peixe.

3- Amasse as farpas de anzóis e garatéias: as farpas de anzóis não provocam grandes feridas na fisgada. Entretanto, no momento da saída, causam grandes lesões nos tecidos da boca dos peixes.

Manuseio do peixe

1- Na hora de retirar o peixe da água, evite o uso de puçás: para essa operação, escolha outros meios. O uso do alicate de contenção representa uma boa opção. O peixe, quando dentro do puçá, se debate e o muco que protege a sua pele acaba ficando retido na rede. Com isso, facilita que o peixe venha a contrair doenças após sua soltura.

2- Nunca introduza a mão ou os dedos no opérculo do peixe: porque é nesse lugar que ficam situadas as suas brânquias. Por isso, é um dos locais mais sensíveis do seu corpo. Essa prática é importante para evitar que o peixe contraia doenças e sofra hemorragias, além de outros problemas.

3- Para o embarque de peixes maiores use o bicheiro: ainda hoje, muitos pensam que esse instrumento é feito para se furar o peixe pelo meio do corpo e arrastá-lo para dentro do barco, mas o bicheiro é uma importante ferramenta para o pesque e solte, se usado corretamente. No embarque de grandes peixes, como douradões, trairões, cachorras e garoupas, o alicate de contenção pode ser prejudicial a eles, promovendo a quebra dos dentes, feridas na boca ou, até mesmo, o deslocamento do maxilar. Para o embarque dessas feras, faça, com o bicheiro, uma pequena perfuração - de dentro para fora - na cartilagem que o peixe tem na parte inferior de sua boca. Mas tome sempre o cuidado para não ferir a língua ou outras partes do peixe. Além da cartilagem, ter grande capacidade de regeneração, essa prática não causa danos ao peixe.

4- Segure o corpo do peixe o mínimo possível: o manuseio excessivo, bem como a prática de alisar o corpo do peixe, removem o seu muco protetor, abrindo, assim, uma porta para a entrada de fungos e outras doenças.

5- Deixe o peixe fora d'água o menor tempo possível: uma longa permanência fora da água compromete a sobrevivência do peixe. Portanto, tire uma ou duas fotos e devolva o seu peixe para a água.

6- Deixe que o peixe se recomponha: não solte o peixe simplesmente. Com cuidado, coloque-o na água na posição horizontal, segurando-o com as duas mãos, e espere até que ele saia nadando com suas próprias forças. Observando essas dicas, a maioria dos peixes que você soltar irá voltar a visitar a linha de outros pescadores ou, quem sabe, a sua!

Fábio Antônio Leal